Federada ao Sesquicentenário Grande Oriente do Brasil -G.·.O.·.B.·.
Jurisdicionada ao Grande Oriente de Pernambuco - GOPE
Or.·. Afogados da Ingazeira, Estado de Pernambuco
A nossa Independência foi feita pela GRANDE ORIENTE DO BRASIL
"A História da nossa Independência está intimamente
ligada com a Fundação do Grande Oriente do Brasil,a
Obediência 'Mater' da Maçonaria
Brasileira." -
Fuad
Haddad
Apesar do farto material documental existente, pouco se publica sobre o papel
importante, decisivo e histórico que a Maçonaria, como Instituição, teve nos
fatos que precipitaram a Proclamação da Independência.
Deixar de divulgá-los, é ocultar a verdade e conseqüentemente ocorrer no erro da
omissão, que nem a História e nem o tempo perdoam, principalmente para com
aqueles nossos irmãos, brava gente brasileira, que acreditavam, ou ainda mais,
tinha como ideário de vida a Independência da Pátria tão amada.
O objetivo principal, sem dúvida nenhuma, da criação do Grande Oriente foi
engajar a Maçonaria na luta pela independência política do Brasil.
Desde sua descoberta em 1500, o Brasil foi uma colônia Portuguesa, sendo
explorada desde então pela sua metrópole , não tinha, portanto, liberdade
econômica, liberdade administrativa, e muito menos liberdade política.
Como a exploração metropolitana era excessiva e os colonos não tinham o direito
de protestar, cresceu e descontentamento dos brasileiros. Iniciam-se então as
rebeliões conhecidas pelo nome de Movimentos Nativistas, quando ainda não se
cogitava na separação entre Portugal e Brasil. Estampava-se em nosso País o
ideal da liberdade. A primeira delas foi a Revolta de Beckman em 1684, no
Maranhão.
No início do século XVIII, com o desenvolvimento econômico e intelectual
da colônia, alguns grupos pensaram na independência política do Brasil, de forma
que os brasileiros pudessem decidir sobre seu próprio destino. Ocorreram, então,
a Inconfidência Mineira (1789) que marcou a história pela têmpera de seus
seguidores; depois a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817),
todas elas duramente reprimidas pelas autoridades portuguesas. Em todos estes
movimentos a Maçonaria se fez presente através das Lojas Maçônicas e Sociedades
Secretas já existentes, de caráter maçônico tais como: Cavaleiros das Luz na
Bahia e Areópago de Itambé na divisa da Paraíba e Pernambuco, bem como pelas
ações individuais ou de grupos de maçons.
Nos dias atuais, os grandes vultos e os fatos marcantes da nossa história estão,
na maioria das pessoas, adormecidos. O sentimento cívico esta distante e muitas
vezes apagado em nossas mentes. Fatos e acontecimentos importantes marcaram o
início da emancipação política da nossa nação. Retomemos os tempos idos e a
alguns referenciais da nossa rica história.
- Início do século XIX – ano de 1808 – D. João e toda família real,
refugia-se no Brasil em decorrência da invasão e dominação de Portugal por
tropas francesas, encetadas pelo jugo napoleônico.
Este fato trouxe um notável progresso para a colônia, pois esta passou a ter uma
organização administrativa idêntica à de um Estado independente. D. João assina
o decreto da Abertura dos Portos, que extinguia o monopólio português sobre o
comércio brasileiro. O Brasil começa a adquirir condições para ter uma vida
política independente de Portugal, porém sob o aspecto econômico, passa a ser
cada vez mais controlado pelo capitalismo inglês.
*- Ano de 1810 – Ocorre a expulsão dos franceses pôr tropas inglesas, que
passam a governar Portugal com o consentimento de D. João.
- Ano de 1815 – D. João, adotando medidas progressistas, Põe fim na
situação colonial do Brasil, criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve,
irritando sobremaneira os portugueses.
- Ano de 1820 – Cansados da dominação e da decadência econômica do país,
os portugueses iniciam uma revolução na cidade do Porto culminando com a
expulsão dos ingleses. Estabelecem um governo temporário, adotam um constituição
provisória e impõem sérias exigências a . João (agora já com o título de rei e o
nome de D. João VI), ou seja:
- Aceitação da constituinte elaborada pelas cortes,
- nomeação para o ministério e cargos públicos,
- sua volta imediata para Portugal.
Com receio de perder o trono e sem outra alternativa, face as exigências da
Corte (Parlamento português), D.João VI regressa a Lisboa (Portugal) em 26 de
abril de 1821, deixando como Príncipe Herdeiro, nomeado Regente do Brasil
pelo Decreto de 22 de abril de 1821, o primogênito com então 21 anos de idade –
PEDRO DE ALCANTARA FRANCISCO ANTÔNIO JOÃO CARLOS XAVIER DE PAULA MIGUEL RAFAEL
JOAQUIM JOSÉ GONZAGA PASCOAL CIPRIANO SERAFIM DE BRAGANÇA E BURBON. O Príncipe
Dom Pedro, jovem e voluntarioso, aqui permanece, não sozinho pois logo viu-se
envolvido por todos os lados de homens de bem, Maçons, que constituíam a elite
pensante e econômica da época.
Apesar de ver ser aceitas suas reivindicações, os revolucionários portugueses
não estavam satisfeitos. As cortes de Portugal estavam preocupadas comas perdas
das riquezas naturais do Brasil e previam sua emancipação, como ocorria em
outros países sul-americanos. Dois decretos em 1821 de números 124 e 125
emanados das Cortes Gerais portuguesas, são editados na tentativa de submeter e
inibir os movimentos no Brasil. Um reduzia o Brasil da posição de Reino Unido à
antiga condição de colônia, com a dissolução da união brasílico-lusa, o que
seria um retrocesso, o outro, considerando a permanência de D. Pedro
desnecessária em nossa terra, decretava a sua volta imediata.
Os brasileiros reagiram contra os decretos através de um forte discurso do Maçom
Cipriano José Barata, denunciando a trama contra o Brasil. O Maçom, José Joaquim
da Rocha, funda em sua própria casa o Clube da Resistência, depois transformado
no Clube da Independência. Verdadeiras reuniões maçônicas ocorrem na casa de
Rocha ou na cela de Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, Frei Sampaio, no
convento de Santo Antônio, evitando a vigilância da polícia. Várias providências
foram tomadas, dentre elas: consultar D. Pedro; convidar o Irmão, Maçom, José
Clemente Pereira, Presidente do Senado a aderir ao movimento e enviar emissários
aos maçons de São Paulo e Minas Gerais. Surge o jornal, "Revérbero
Constitucional Fluminense", redigido por Gonçalves Ledo e pelo Cônego
Januário, que circulou de 11 de setembro de 1821 a 08 de Outubro de 1822, e que
teve a mais extraordinária influência no movimento libertador, pois contribuiu
para a formação de uma consciência brasileira, despertando a alma da
nacionalidade.
Posteriormente a 29 de julho de 1822 passa a ser editado o jornal –
"Regulador Brasílico-Luso", depois denominado, "Regulador Brasileiro", redigido
pelo Frei Sampaio, que marcou também sua presença e atuação no movimento
emancipador brasileiro.
Na representação dos paulistas, de 24 de dezembro de 1821, redigida pelo
Maçom José Bonifácio de Andrada e Silva, pode-se ler o seguinte registro:
"É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de
ser homens, possam consentir em tais absurdos e despotismo... V.Alteza Real deve
ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não
só para o nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do
mesmo. Se V. Alteza Real estiver (o que não é crível) deslumbrado pelo
indecoroso decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de
homem e de príncipe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de
desorganizadores, terá que responder, perante o céu, pelo rio de sangue que,
decerto, vai correr pelo Brasil com a sua ausência...".
- 09 de janeiro de 1822 – Na sala do trono e interpretando o pensamento
geral, cristalizando nos manifestos dos fluminenses e dos paulistas e no
trabalho de aliciamento dos mineiros, o Maçom José Clemente Pereira, presidente
do Senado da Câmara, antes de ler a representação, pronunciou inflamado e
contundente discurso pedindo para que o Príncipe Regente Permanecesse no Brasil.
Após ouvir atentamente, o Príncipe responde: "estou pronto, diga ao povo que
fico".
A alusão às hostes maçônicas era explícita e D. Pedro conheceu-lhe a força e a
influência, entendendo o recado e permanecendo no Brasil. Este episódio,
conhecido como o Dia do Fico, marcou a primeira adesão pública de D. Pedro a uma
causa brasileira.
- Em 13 de maio de 1822 – os Maçons fluminenses, sob a liderança de
Joaquim Gonçalves Ledo, e por proposta do brigadeiro Domingos Alves Munis
Barreto, resolviam outorgar ao Príncipe Regente o título de Defensor Perpétuo do
Brasil, oferecido pela Maçonaria e pelo Senado.
- Ainda em maio de 1822 – aconselhado pelo então seu primeiro ministro
das pastas do Reino e de Estrangeiros, o Maçom, José Bonifácio de Andrada e
Silva, D. Pedro assina o Decreto do Cumpra-se, segundo o que só vigorariam no
Brasil as Leis das Cortes portuguesas que recebessem o cumpra-se do príncipe
regente.
- Em 02 de junho de 1822 – em audiência com D. Pedro, o Irmão José
Clemente Pereira leu o discurso redigido pelos Maçons Joaquim Gonçalves Ledo e
Januário Barbosa, que explanavam da necessidade de uma Constituinte. D. Pedro
comunica a D. João VI que o Brasil deveria ter suas Cortes. Desta forma, convoca
a Assembléia Constituinte para elaborar uma Constituição mais adequada ao
Brasil. Era outro passo importante em direção à independência.
*- Em 17 de junho de 1822 – a Loja Maçônica, "Commércio e Artes na
Idade do Ouro" em sessão memorável, resolve criar mais duas Lojas pelo
desdobramento de seu quadro de Obreiros, através de sorteio, surgindo assim as
Lojas "Esperança de Niterói" e "União e Tranqüilidade", se
constituindo nas três Lojas Metropolitanas e possibilitando a criação do "Grande
Oriente Brasílico ou Brasiliano", que depois viria a ser denominado de "Grande
Oriente do Brasil", denominação esta que possui nos das atuais.
José Bonifácio de Andrada e Silva (O Patriarca da Independência) é eleito
primeiro Grão-Mestre, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como 1º Vigilante e o Padre
Januário da Cunha Barbosa como Grande Orador. O Objetivo principal da criação do
GOB foi de engajar a Maçonaria como Instituição, na luta pela independência
política do Brasil, conforme consta de forma explícita das primeiras atas das
primeiras reuniões, onde só se admitia para iniciação e filiação em suas Lojas,
pessoas que se comprometessem com o ideal da independência do Brasil.
- No dia 02 de agosto – por proposta de José Bonifácio, é iniciado o
Príncipe Regente, D. Pedro, adotando o nome histórico de Guatimozim ultimo
imperador Asteca morto em 1522), e passa a fazer parte do Quadro de Obreiros da
Loja Comércio e Artes.
- No dia 05 de agosto – por proposta de Joaquim Gonçalves Ledo, que
ocupava a presidência dos trabalhos, foi aprovada a exaltação ao grau de Mestre
Maçom que possibilitou, posteriormente, em 04 de outubro de 1822, numa jogada
política de Ledo, o Imperador ser eleito e empossado no cargo de Grão-Mestre, do
GOB.
Porém, foi no mês de agosto de 1822 que o Príncipe, agora Maçom, tomou a
medida mais dura em relação a Portugal, declarou inimigas as tropas portuguesas
que desembarcassem no Brasil sem o seu consentimento.
Em 14 de agosto parte em viagem, com o propósito de apaziguar os
descontentes em São Paulo, acompanhado de seu confidente Padre Belchior Pinheiro
de Oliveira e de uma pequena comitiva. Faz a viagem pausadamente, percorrendo em
10 dias, 96 léguas entre Rio e São Paulo. Em Lorena, a 19 de agosto, expede o
decreto dissolvendo o governo provisório de São Paulo. No dia 25 de agosto chega
a São Paulo sob salva de artilharia, repiques de sino, girândolas e foguetes, se
hospedando no Colégio dos Jesuítas. De São Paulo se dirige para Santos em 5 de
setembro de 1822, de onde regressou na madrugada de 7 de setembro. Encontrava-se
na colina do Ipiranga, às margens de um riacho, quando foi surpreendido pelo
Major Antônio Gomes Cordeiro e pelo ajudante Paulo Bregaro, correios da corte,
que lhes traziam noticias enviadas com urgência pelo seu primeiro ministro José
Bonifácio.
D. Pedro, após tomar conhecimento dos conteúdos das cartas e das noticias
trazidas pelos emissários, pronunciou as seguintes palavras: "As Côrtes me
perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Verão agora
quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações;
nada mais quero do governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de
Portugal".
A independência do Brasil foi realizada à sombra da acácia, cuja as raízes
prepararam o terreno para isto. A Maçonaria teve a maior parte das
responsabilidades nos acontecimentos literários. Não há como negar o papel
preponderante desta instituição maçônica na emancipação política do Brasil.
Desde 1815 com a fundação da Loja Maçônica Commércio e Artes, que daria
origem às Lojas União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói e a
posterior constituição do Grande Oriente do Brasil em 17 de Junho de 1822,
o ideário de independência se fazia presente entre seus membros e contagiava os
brasileiros.
À frente do movimento, enérgica e vivaz, achavam-se a Maçonaria e os Maçons.
Entre seus principais Obreiros, pedreiros livres, de primeira hora podemos
destacar: Joaquim Gonçalves Ledo, José Bonifácio da Andrada e Silva, José
Clemente Pereira, Cônego Januário da Cunha Barbosa, José Joaquim da Rocha, Padre
Belchior Pinheiro de Oliveira, Felisberto Caldeira Brant, o Bispo Silva
Coutinho, Jacinto Furtado de Mendonça, Martim Francisco, Monsenhor Muniz
Tavares, Evaristo da Veiga dentre muitos outros.
Faz-se necessário também alçar a figura do personagem que se destacou durante
todo o movimento articulado e trabalhado pela Maçonaria, o Príncipe Regente, Dom
Pedro.
Iniciado Maçom na forma regular prescrita na liturgia e nos rituais maçônicos, e
nesta condição de pedreiro livre no grau de Mestre Maçom, aos 24 anos de
idade, proclama no 07 de setembro a nossa INDEPENDÊNCIA.
Posteriormente, no dia 04 de Outubro de 1822, D. Pedro comparece ao
Grande Oriente do Brasil e toma posse no cargo de Grão-Mestre, senda na
oportunidade aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.
No mesmo dia, Joaquim Gonçalves Ledo, redigiu uma nota patriótica ao povo
Brasileiro, a primeira divulgação, depois da independência, que dizia:
"Cidadãos! A Liberdade identificou-se com o terreno; a natureza nos grita
Independência; a razão nos insinua; a justiça o determina; a glória o pede;
resistir-lhe é crime, hesitar é dos covardes, somos homens, somos Brasileiros.
Independência ou Morte! Eis o grito de honra, eis o brado nacional..."
Música de fundo: "Hino da Independência", de autoria do Maçom Dom Pedro I